Para
você que não gosta de brincar com seus filhos e sente-se culpado por isso, eu,
como um pai ¨BRINCANTE¨ acabo me sentindo culpado pelo excesso de brincadeiras
e palhaçadas que faço com meus filhos.
O excesso de brincadeiras,
assim como a falta delas, sempre pode vir a ser prejudicial para a relação
entre pais e filhos.
A questão principal, talvez,
tenha a ver com a culpa em si, o sentimento de culpa que queira ou não é
característico do ser humano.
É frequente e até normal nos
sentirmos culpados diante de certas situações, principalmente quando envolve os
filhos.
E por que isso?
Na minha opinião, porque não
existe uma receita nem uma bula ou cartilha explicando como os pais devem agir,
e como envolve a relação entre duas pessoas diferentes, você e seu filho, que é
um outro ser com personalidade própria, cada relação é peculiar e os resultados
que deram certos em um caso podem não dar certo em outra situação que envolvem
pais e filhos diferentes.
Como você deve saber, o mundo
contemporâneo junto com todas as mudanças culturais e sociais em que vivemos
também dificulta a vida dos pais.
A cada dia parece e, não só
parece como é, a vida fica mais corrida, o tempo é mais curto e mesmo nas horas
de lazer, frequentemente, podemos ter que resolver problemas do trabalho ou da
vida em si.
Então tá aí mais um motivo para evitar a culpa.
Sim, o mundo e a vida social e
profissional também podem ser responsáveis por você não ter tempo ou paciência
para brincar com seus filhos. Essa queixa tem sido cada vez mais recorrente.
Mas se NÃO brincar com os
filhos pode ser um problema, tanto para os pais como para os filhos, percebo
que, por outro lado, brincadeiras em excesso também podem ter seu lado
negativo.
Eu, por exemplo, apesar de não
ser um palhaço nem um bobo, tenho uma personalidade mais brincalhona,
principalmente com as crianças, é difícil para mim bancar o ¨adulto¨ sério, é
mais fácil as crianças me convencerem a fazer uma peraltice.
O lado bom disso, e para pais que
não brincam ou não conseguem brincar com seus filhos acaba se tornando um ponto
negativo, é que ao brincar e assumir uma postura mais lúdica e brincalhona,
você acaba conquistando mais e melhor a confiança das crianças.
Sim! Veja numa festa ou
situação que envolve mais pessoas como as crianças acabam sempre ficando mais
amigas daquele ¨tiozão¨ brincalhão!
O ¨tiozão¨ ao brincar e fazer
palhaçadas para as crianças as conquista na hora ao ponto de conseguir fazer
com que elas comam um brócolis ao invés de um sorvete, tamanha é a influência
de um adulto que lida, estrategicamente, de forma mais lúdica com as crianças.
Então, inevitavelmente, se você
brincar mais com seu filho, fizer umas palhaçadas e se divertir de verdade por
meia hora, ou quinze minutos que seja, certamente melhorará sua relação com
seus filhos e conseguirá com que ele faça brincando muita coisa que não quer
fazer quando pressionado.
Mas o problema negativo, e é aí
que eu queria chegar, é que tenho percebido que brincadeira demais também é
ruim.
Apesar de conseguir alguns
benefícios sendo brincalhão, me parece que muitas vezes fica difícil retomar as
rédeas da situação.
Em muitos casos os filhos
passam a te tratar como um irmão ou irmã mais velho, o que prejudica a relação,
principalmente porque um irmão mais velho tem menos autoridade do que um pai e
do que uma mãe, e muitas vezes essa alta de autoridade gera transtornos.
Com meu comportamento percebo
uma afinidade entre eu e meus filhos, porque meu jeito brincalhão gera uma
conexão instantânea com as crianças, e consequentemente colho bons frutos
disso, como conquistar a confiança da criança, muitas vezes ela se sentirá mais
à vontade de confessar algo para o pai e mãe mais brincalhão do que para pais
mais rígidos e sérios.
Para mim isso é um problema
maior que todos os outros, o de não ter conectividade com meus filhos.
Ainda que perco um pouco do
respeito, me sinto melhor sabendo que, aconteça o que acontecer, meus filhos
terão confiança em me comunicar. Mas claro que pode ser que mesmo com a conexão
seus filhos não se sintam bem em falar sobre tudo com você.
Tem coisas que são só nossas, ou
que temos dificuldades em falar, e as crianças também têm isso.
Não precisa se desesperar caso
seu filho esconda algum fato de você. Nós também fazíamos isso com nossos pais,
lembra?
O fato é que essa perda de
autoridade e em muitos momentos ser considerado o irmão ou irmã mais velha é
ruim.
E parece que nas horas que a
gente mais precisa que eles nos respeitem, é nessas horas que eles teimam e
esperneiam, e é nessa hora que sinto culpa.
Penso que se eu fosse um pai
mais rígido e sério seria mais respeitado pelos meus filhos.
Claro que quando precisa eu sei
me impor e sei ser sério e rígido, mas não com tanta frequência como gostaria.
E aí o que vem?
Vem a culpa, a maldita culpa,
de não saber se estou fazendo certo e agindo da melhor forma com meus filhos.
Culpa essa que não deveria existir já que, como falamos, não existe receita nem
protocolo para ser pai ou mãe.
Não existe um comportamento
modelo a ser seguido por todos os pais e mães. Todos temos nossas próprias
bagagens, cultura, ensinamentos e personalidade, não só cada pai é diferente
como cada criança é diferente.
É a complexidade humana a nível
familiar, não haveria como ser diferente.
Sendo assim, talvez antes de
tentar resolver a culpa de não brincar com seus filhos, fosse melhor resolver o
problema CULPA em si.
Sim, porque é constante nos
sentirmos culpados, seja por algo que falamos ou fizemos ou até que pensamos. O
sentimento de culpa é intrínseco do ser humano e não há como se libertar
totalmente dele.
Um religioso poderá dizer que
essa culpa vem lá de trás, de Adão e Eva, o que faz sentido, pois para quem é
ou não religioso, a mensagem de Adão e Eva é a de que a culpa é a nossa herança
por, segundo a Bíblia, termos comido do fruto proibido.
E para quem não é religioso a
explicação serve também, pois explica de forma poética a complexidade humana,
tentando mostrar que desde que o homem surgiu ele sofre, erra, sente culpa etc.
O bom disso é que, ao pensar
que a culpa sempre existirá, ela se ameniza, pois se não podemos evitá-la
totalmente, acabamos por nos acalmar com o fato e aceitá-lo melhor.
Quando você se sentir culpado
ou mal por não brincar com seus filhos, ou por não ter tempo para seus filhos,
ou por não ter paciência para brincar com seus filhos, e se sentir culpado por
isso, lembre-se que o problema nem sempre é o fato de você não brincar com seus
filhos, mas esse sentimento de culpa que sempre existirá.
Como eu disse acima, eu brinco,
tenho tempo para meus filhos, me divirto e tenho paciência...
Sou o tiozão amigão das
crianças e dos meus filhos, e nem por isso me livro do sentimento de culpa.
Culpa pelo que falei, de
perceber que perco a autoridade e o respeito, o que me incomoda e faz eu me
sentir culpado por achar que, se eu fosse menos brincalhão, teria o tal
respeito que acho que não tenho.
E provavelmente se eu
conquistar o respeito que acho que preciso, assim que eu achar que conquistei,
meu sentimento de culpa achará outro bode expiatório para se revelar.
Por exemplo:
Eu brinco com meus filhos e
tenho tempo para eles, ainda que isso faz com que eles me tratem como uma
espécie de irmão mais velho, e me sinto culpado por achar que não tenho
autoridade. Pois quando eu conquistar a tal autoridade, passarei a achar que
estou sendo rígido demais e que o melhor era ser brincalhão como antes, e assim
até o infinito.
Percebe?
Sempre haverá motivos que geram
culpa.
Existem infinitas maneiras de
fazer a mesma coisa, talvez por isso exista o sentimento de culpa.
Porque a mesma coisa você pode
fazer de milhares de formas diferentes.
Você pode mandar seu filho
escovar os dentes de forma autoritária não dando chances para resmungos, assim
como você pode pedir mais delicadamente e pacientemente, assim como você
poderia criar uma brincadeira minutos antes que envolva escovar os dentes e
faça seu filho escovar os dentes sem nem perceber, ou seja, existem infinitas
possibilidades, e toda vez que você escolher uma deixará milhares de
possibilidades de lado, o que certamente pode trazer culpa.
Então, a causa do sentimento de
culpa que você sente não é por brincar ou não com seu filho especificamente, mas
sim pelo próprio sentimento de culpa que de uma forma ou de outra surge.
Faça o teste. Se você não
brinca com seu filho, durante um mês ou uma semana faça um esforço e brinque,
se divirta, banque o bobo, de seu valioso tempo para os filhos, e perceba que,
ainda que o sentimento de culpa por não brincar com seu filho desaparecer,
outra culpa surgirá, também relacionada com seu filho.
Eu não quero propor que você
não se sinta culpado por não brincar com seu filho simplesmente, eu imagino, ou
pelo menos escrevo com a intenção de ser lido por pessoas com bom senso.
Bom senso ao ponto de saber
que, se você NUNCA brinca cm seus filhos, algo errado existe.
Você deve brincar com seus
filhos, mesmo que não goste.
As crianças vivem num mundo de
fantasias, lúdico e onde as brincadeiras servem de aprendizagem, por isso você
deve brincar com seus filhos para ter essa conexão com eles.
Os filhos são crianças e os
pais são adultos. Não se espera que as crianças hajam como adultos, até por
questões naturais, hormonais e tantas outras, isso está fora de cogitação,
logo, se você esperar que seu filho tenha uma postura mais adulta para que aí
sim você consiga se comunicar com ele, isso não faz sentido.
Por outro lado, você sim, PODE,
por amor, eu espero, mas em certos casos, estrategicamente, ter uma postura
maus infantil e lúdica para conseguir se comunicar com seus filhos. Ou para
melhorar a comunicação entre pais e filhos.
Ao invés de querer que seu
filho coma, ou tome banho, ou escove os dentes, e pedir isso de forma rígida e
autoritária, se mesmo assim não tem funcionado, experimente pedir isso de forma
mais suave e brincalhona.
Faça a disputa de quem escova
os dentes primeiro, ou de quem come a berinjela mais rápido, e a mágica
acontecerá, na sua frente.
Sendo assim, é importante
brincar com seus filhos, ter um tempo para eles e todas essas coisas que, como
pais, todos devem saber.
E se ainda assim você não
consegue brincar de ¨casinha¨ ou ¨carrinho¨ com seu filho, ou agir de forma
mais infantil, perceba que a criança está sempre num clima de brincadeira.
Tudo que as crianças fazem é
com um ¨tom¨ de brincadeira, é assim desde às cavernas, as crianças vivem num
mundo lúdico.
Você já foi criança.
Exceto para os que tiveram uma
infância triste e difícil, para os outros, onde eu me incluo, felizmente, que
tiveram uma infância relativamente ¨normal¨ e saudável, é fácil lembrar como é
ser lúdico...ou melhor, pensando bem...bem sempre é fácil conseguir ser lúdico
e nem ao menos lembrar o que é isso diante do dia a dia que a humanidade tem
padronizado.
Não ter tempo, estar com
pressa, atrasado, sabe-se lá para que, tem se tornado um comportamento STANDART
das pessoas, do pedreiro ao CEO do facebook, estão todos sem tempo e sem
paciência e sob pressão, e crianças exigem tempo, e atenção, e bom-humor,
aspectos e sentimentos que não se harmonizam muito com o ritmo de vida
contemporâneo vigente.
Esse já é um excelente motivo
para que você não se sinta culpado, desde que você seja um pai ou mãe que tenha
um tempo mínimo diário com seus filhos, de corpo e alma, meia hora que seja,
não há muito o porquê se culpar pois, afinal, vivemos neste mundo e precisamos
nos adequar a ele, ou vai para a floresta.
Se o mundo em que vivemos é
mais frenético e acelerado e dinâmico, e se você gosta ou pelo menos quer fazer
parte disso, ou seja, quer viver normalmente, precisa logo entender, assim como
as crianças já entenderam, que o tempo de convivência familiar atualmente já é
diferente.
As crianças já sabem que não se
pode perder tempo e que o tempo é algo importante para o mundo adulto, sendo
assim, meia hora de brincadeira ou de conversa ou de atenção para seu filho,
você precisa ter, faz parte do protocolo dos pais.
Qualquer pai ou mãe deveria
saber antes de ter um filho que, SIM, esse filho vai dar uma mudada na sua vida
e vai exigir muito de ti.
Mas, voltando...Brincar pode
ser qualquer coisa. Você pode brincar com seu filho de brincadeiras que não são
brincadeiras de fato, mas que para as crianças é, o que só tem a te ajudar, você
que não consegue brincar de salão de beleza ou coisas do tipo.
Você pode brincar de lavar a
louça, a roupa, de fazer um bolo, de escritório, qualquer coisa que você faria
de qualquer forma se caso for oportuno, faça disso uma brincadeira, um desafio
e inclua seus filhos.
Você estará seguindo seu
cotidiano, brincando com seus filhos, e sem precisar engatinhar no chão
fingindo ser um ¨cavalinho¨
Qualquer coisa pode ser
brincadeira.
Brincar de alimentar o gato.
Brincar de tomar banho.
Brincar de cada um lê um
livro!!!
Claro que, o que torna um fato
comum numa brincadeira, é apenas dar um tom mais lúdico para o fato em si.
Certamente você já viu e se não
viu deveria ver, um filme chamado, aqui no Brasil, A Procura da Felicidade, com
Will Smith.
Em certo momento de extrema
dificuldade, num metrô, sem lugar para dormir, sem comida e completamente
¨lascado¨ um adulto(Will Smith) com seu filho(cujo ator realmente é seu filho)
tornam um momento difícil numa brincadeira. Brincadeira muito inteligente daparte do pai!
Um momento muito interessante
que ilustra um pouco o que eu quis dizer com, fazer qualquer coisa ter um ar de
brincadeira.
Se seu problema é o de não
conseguir brincar com seus filhos de ¨casinha¨ ¨carrinho¨
¨cavalinho¨ talvez essa seja uma ótima solução para que você amenize e se livre
desta culpa em especial, a culpa de não brincar com seus filhos de brincadeiras
de criança, torne seus afazeres de adulto mais lúdicos por um momento e faça
seu filho entrar na brincadeira.
Tenho certeza que eles, seus
filhos e filhas vão adorar e considera-los melhores pais e mães de todo o
mundo!!!
Obviamente que deve haver um
mínimo de entrega de sua parte. Você também precisa entrar na brincadeira, ao
menos um pouco, afinal, é seu filho!!!!!!!!
Você deveria entrar de corpo e
alma, ainda que seja uma brincadeira mais ¨sóbria¨ mas se ainda assim seu
problema é o de que você não consegue brincar de nada e nunca com seus filhos,
aí o problema é mais sério, eu diria.
Porque minimamente e pelo menos
de algumas coisas você deveria gostar de brincar com seus filhos, até porque é
algo natural, convivência elementar.
Ainda que eu não queira dar
palpite do que fazer ou não fazer, se você não brinca de nada e não gosta de
fazer coisas com seus filhos e não gosta de estar com eles e coisas do tipo, se
mesmo eu não querendo dar palpite você pedisse, eu diria que acho estranho!
Você deveria gostar de brincar
de alguma coisa com seus filhos, principalmente se são crianças. Mas se você
tem filhos mas não gosta de brincar com eles de nada e isto te incomoda, talvez
precise de ajuda profissional.
Agora, se ora aqui ora ali,
você não tem tempo para brincar com seus filhos, ou se você brinca mas gostaria
de brincar mais, ou se você brinca mas não brinca de tais brincadeiras
específicas, se isso te traz culpa, talvez você não precise se culpar, não
tanto pelo menos.
Assim como cada ser tem suas
peculiaridades, cada pai e mãe também tem as suas.
Se você não se sente bem
brincando ajoelhado no chão, ou de pega, coisas do tipo, não se culpe, se você
ama seus filhos, como eu gostaria que amasse, certamente encontrará outras
brincadeiras para fazer com seu filho ou com sua filha.
Quanto a culpa, essa sempre
virá, de uma forma ou de outra.
Enquanto você se preocupa por
não brincar, eu me culpa por brincar, e assim vamos.
O melhor a fazer é procurar
entender que a culpa acaba vindo de alguma forma ou de outra, parece algo que
passamos para compensar o que causamos para nossos pais, assim como as dúvidas
que nossos filhos nos causam eles terão com nossos netos e assim ad
infinitum.
Dessa forma, e apesar dos
pesares e das dúvidas e dos aspectos positivos e negativos de cada escolha que
fazemos, se você ama seus filhos, mesmo sem brincar, seu amor preenche esse
vazio do NÃO BRINCAR.
Não é a brincadeira em si, é aATENÇÃO.
Se você dá amor e atenção para
seus filhos, ainda que não seja o quanto você esperava dar, pode ter certeza
que está tudo certo, tudo normal. Tanto você que não brinca com seus filhos
quanto eu, que brinco com os meus filhos, talvez estejamos apenas exagerando.
Esse exagero de achar que está
fazendo a coisa certa ou errada me fez perder tempo escrevendo isto, algo que
certamente você já sabe, algo trivial, filosofia de botequim.
E fez você perder tempo lendo
algo que você já sabe.
Eu e você perdendo tempo com
esse assunto que talvez nem mereça nosso tempo e ...
Sendo assim ...
Acho que nada mais precisa ser
dito.
A quem chegou até aqui, um
abraço e boa sorte com essa odisseia que é ter filhos.
Para os que se identificam com
o que eu disse ou para quem tiver curiosidade, veja uma brincadeira, eu e minha
filha brincando. Não durou uma hora no total, e foi divertido, fiz algo que
gosto envolvendo minha, entrei na brincadeira enquanto estava com ela e ela
ficou muito feliz.
Brincamos na piscina e como
estava calor, tivemos a ideia de congelar minha filha.
Óbvio que de ¨brincadeirinha¨
mas foi bem legal e tanto minha filha quanto eu me nos divertimos muito.
Para quem quiser conferir,
segue o link abaixo, ficou bem curioso!
www.youtube.com/watch?v=XYwiVc8lIio
Nenhum comentário:
Postar um comentário